sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Cartola com C maiúsculo


Biografia
Em 20 de Junho de 1947, nasce o mineirinho do interior. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde ingressa no curso de Direito e se casa pela primeira vez. Em 1989, após tentativas frustradas de investimento no mercado financeiro, se candidata e chega ao comando da CBF, sucedendo Octávio Pinto Guimarães. Este a quem me refiro, não é ninguém mais ninguém menos que o atual Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, representante máximo do futebol nacional, Ricardo Teixeira.


Cartola
No poder desde 1989, o dirigente já está no seu sexto mandato. Na verdade, mandato este que já deveria ter acabado em 2007, porém se viu extendido, através de uma manipulação política com as diversas federações estaduais, até a Copa do Mundo de 2014.
Apesar de fazer parte daquela maioria que o acha corrupto mór, 171 de carteirinha e não merecedor do cargo que ocupa, tenho que tirar o chapéu para sua capacidade de manipular os que estão à sua volta e tapar os vestígios de suas falcatruas. Alvo de imensas críticas, o cartola consegue sempre se manter em cima de uma estrutura forte e sólida. São inúmeros os processos na justiça alegando fraude cambial, sonegação de impostos, apropriação indébita, entre outros. Blindado por importantes empresas multinacionais e políticos do alto escalão de Brasília, o Presidente da CBF é quase que intocável.
Instaurada a CPI do Futebol, acreditava-se que a corrupção estaria com seus dias contados, ou pelo menos, as maracutaias exigiriam maiores precauções dos seus idealizadores. Visão esta partilhada pelo próprio Ricardo Teixeira, onde em uma reunião da entidade declarou "se a CPI do Senado for aprovada, estamos f..."- declaração esta captada por um repórter gaúcho que se encontrava no local. Mera ilusão. Foram sugeridos 27 pedidos de indiciamento ao Ministério Público e expedições de prisão contra o Presidente. Houve até uma denúncia onde se afirmava a queima de diversos documentos importantes e incriminadores, por parte da CBF, na Granja Comary. Nada aconteceu e o mestre dos cartolas continuou atuando, sem o menor abalo.
Figura de destaque no mundo da cartolagem internacional, o político também possui ótimo relacionamento com a FIFA, entidade máxima do futebol. Relacionamento este, que nos propiciou sediar a Copa de 2014, tão sonhada pelo povo brasileiro. Ponto para o Ricardo Teixeira!
Sua auto-confiança é tão absuluta que o levou a declarar que será impossível evitar a corrupção e desvio de verbas que ocorrerão quando da organização da Copa de 2014, tal como ocorrido no PAN do Rio de Janeiro. Menos, Ricardo Teixeira!


Jogada de Mestre
Contextualizado em um momento conturbado e crítico da seleção, Ricardo Teixeira apareceu na mídia e agiu com astúcia e rapidez. Constantemente questionado sobre as últimas atuações da seleção brasileira, sobre a escolha do técnico Dunga, e cansado de procurar respostas onde não há, o Cartola foi à televisão e anunciou a polêmica convocação do meia Ronaldinho Gaúcho, do Barcelona.
Acredito que poucos notaram a habilidade do representante máximo do nosso futebol em desviar o foco das atenções de toda imprensa e consequentemente do povo brasileiro. Praticamente, não se fala mais em jogadores, em tática, em técnica. O assunto é: "O Ronaldinho conseguirá entrar em forma?", "O Ronaldinho será liberado?", "Quem convocou o Ronaldinho foi o Dunga ou o Ricardo Teixeira?".


Nota
A FIFA anunciou que todos os clubes são obrigados a ceder seus jogadores com menos de 23 anos convocados para a seleção olímpica. Somente os que possuem 23 anos ou mais poderão ser vetados.

Foto: Edu Lopes - Ag. Istoé
Fonte: Wilson de Carvalho

3 comentários:

Anônimo disse...

CARTOLA!

Realmente, se há alguma pessoa que personifica esta expressão é Ricardo Teixeira.
Político como poucos políticos do Brasil, ele consegue se esquivar de acusações e se manter no poder apesar da enorme oposição popular.

Ele se destaca em um ramo que as pessoas se divertem, quer dizer, ele manipula e utiliza de todos os seus artifícios e artimanhas em um mundo dominado pela paixão e, portanto, cego muitas das vezes. A investigação não pode ir pra frente senão a Copa não é no Brasil e por aí vai...

Alterando as palavras do Poeta:

[...]Dormia
a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
em tenebrosas transações

[...]E um dia, afinal,
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava futebol
O futebol, o futebol


Desculpa, Chico e Francis, mas essa é inevitável!

Diogo Rodrigues disse...

Boto fé Caio, este sujeito aê tem quase - se não todas - as características de um (mau) político. A única empresa de Comunicação que já chegou perto de desmascarar toda a podridão da CBF foi a Rede Globo. Até exibiram um Globo Repórter com tal assunto. Mas depois disso, o tema morreu. Tal emissora tinha condições pra tirar muito material dessa hitória... mas nunca mais ouvi falar disso na Globo sabe-se lá por que razões...

Daniel Leite disse...

As dinastias no futebol costumam começar bem e acabar mal.

Ricardo Teixeira é bicampeão do mundo e, hoje, está à frente de uma seleção em crise.

Eurico Miranda é campeão da América, bicampeão brasileiro e, mesmo assim, acaba de sair do Vasco com péssimas credenciais.

Alberto Dualib é o presidente mais vitorioso da história do Corinthians. E também o mais odiado.

Mustafá Contursi ganhou tudo com o Palmeiras. Saiu pela porta dos fundos, com um rebaixamento no currículo.

Marcelo Teixeira é bicampeão brasileiro com o Santos. Corre o risco, agora, de ver seu time rebaixado.

Por isso, o poder no futebol necessita de rotatividade. O Ricardo Teixeira é presidente da CBF desde Janeiro de 1989. Sua dinastia tem, portanto, oito meses a mais que a minha existência. Não dá...

Até mais!